A democratização do acesso à Justiça é uma conquista exemplar do nosso tempo. Contudo, traz consigo uma face perversa que diz respeito ao excesso de mecanismos que sustentam conflitos intermináveis, às custas da saúde mental das famílias. Será que a única solução para os impasses familiares é o litígio judicial? Será que basta ficar em função de identificar o inocente e o culpado?
O que muitas vezes passa despercebido é que, ao entrar no litígio, não são mais os pais que decidem sobre a sua vida familiar e sobre seus filhos. A família é submetida a diversas avaliações e intervenções técnicas. Documentos psicológicos são requisitados aos terapeutas, aos psicólogos forenses, aos psicólogos escolares, com a intenção de (re)construir uma narrativa sobre a família, a partir do olhar de uma “autoridade técnica”. No litígio, a decisão sobre os desfechos é terceirizada e, muitas vezes, se embasa em propostas genéricas de solução que não condizem com as reais necessidades dos pais e das crianças.
Alternativamente, pode ser muito valioso encontrar profissionais que contribuam para o saneamento do conflito, através de propostas acolhedoras e empáticas, que facilitem o processo de divórcio com menor dano aos integrantes da família.